Qi Gong, as necessidades da saúde e o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre Brasil e China

O Qi Gong se refere à prática terapêutica compreendida por exercícios físicos, que pode ser aprendida e exercida pelas pessoas com relativa facilidade.

A China conta com as práticas regulares de exercícios terapêuticos de Qi Gong para prevenir e tratar grande parte das doenças responsáveis pela baixa qualidade de vida e pelo afastamento de profissionais de seus postos de trabalho.

No contexto de um país superpopuloso como a China, o Qi Gong, especificamente, tem características importantes que justificam a necessidade de sua incorporação, difusão e popularização no ocidente. Consiste numa prática milenar, ou seja, consagrada, experimentada, amplamente testada ao longo de muitas gerações humanas, constituindo, hoje, um patrimônio da humanidade voltado para a preservação da capacidade vital e da saúde.

Chamo atenção para ações que promovam mudanças de caráter coletivo, incluindo medidas preventivas envolvendo o fortalecimento dos indivíduos. Ações que recuperem a saúde enquanto unidade orgânica corpo-mente, favorecendo a integração biopsíquica e estabelecendo novos níveis de consciência.

A relação bilateral entre Brasil e China avançou de maneira acelerada ao longo das últimas três décadas, impulsionada, sobretudo, pela crescente importância da pauta econômica bilateral desde o início da década de 2000. Na área da saúde, entretanto, apesar de o entendimento político-diplomático ser fluido e de se terem verificado avanços recentes, essa cooperação ainda é terreno pouco explorado na prática.
Mesmo para um país emergente, com as dimensões e o peso político do Brasil no plano internacional, a identificação de áreas passíveis de troca e cooperação com a China não é tarefa fácil. Desafios como as barreiras cultural e linguística dificultam o intercâmbio nos campos da ciência, da pesquisa e do desenvolvimento na área da saúde.

Organizações diferentes dos dois governos também prejudicam a identificação de interlocutores adequados e a elaboração concreta do que um parceiro pode esperar do outro.

Existiu aproximação entre o Ministério da Saúde e a National Health Commission of the people’s Republic of China (NHFPC) – por meio de contato fluido entre a Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério da Saúde (AISA) e o Departamento de Cooperação Internacional chinês – com a manifestação da vontade política do governo chinês em aproximar-se do Brasil.

A renovação do Plano de Ação Conjunta de Saúde e a realização da primeira reunião da Subcomissão de Saúde da Comissão SinoBrasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), em 2017, poderão, igualmente, marcar o início de uma nova fase no relacionamento bilateral em saúde.

Praça da Paz Celestial – China 2012

O engajamento ativo dos ministérios das Relações Exteriores e das embaixadas dos dois países para promover a aproximação bilateral em saúde, buscando incentivar a articulação entre os órgãos competentes nos dois países, poderá contribuir positivamente para dar importante impulso político ao relacionamento nessa matéria.

Apesar de já existirem diversas colaborações entre o Brasil e a China na área de medicina tradicional, como a formação de médicos brasileiros em práticas da medicina tradicional chinesa – financiada, geralmente, pelo setor privado chinês –, a institucionalização da parceria bilateral é de crucial importância para que essa cooperação seja uma colaboração horizontal, com troca de experiências. A institucionalização busca garantir esse modelo de cooperação, com objetivos de longo prazo, para que o conhecimento transferido possa beneficiar a população brasileira, principalmente a parcela que depende unicamente do SUS, correspondente a cerca de 70% da população.

O Brasil deve refletir, em todas essas instâncias e dimensões, sobre o que quer da China e o que tem a oferecer em sua experiência na saúde pública. Algumas áreas começaram a delimitar-se no contexto recente de aproximação política bilateral, tais como: pesquisa e desenvolvimento, medicina tradicional, troca de experiências e conhecimentos em políticas públicas de saúde e concertação política nos foros multilaterais.

Saiba mais através dos artigos descritos nos links abaixo: